Estava a Bruxinha a ler, quando…
A porta do quarto abriu-se devagar e um vulto entrou, aproximando-se da cama com um andar ronceiro. Era um ser horripilante de grande nariz aquilino, muito vermelho, com grenhas amarelas à volta do rosto macilento.
A horrenda criatura estendeu uns dedos cheios de garras e apertou-lhe o braço com força.
- Aiiiiiii! gritou a Bruxinha, dando um salto na cama e saindo a correr pelo corredor, escadas abaixo…
Entrou na cozinha com o coração aos pulos e o Gato no colo, com o pelo todo eriçado.
- Estou tão assustada!
- É natural. – disse o Gato paciente. - Já te disse que não deves ler livros de terror. És muito suscetível!
A Bruxinha sorriu, respirou fundo e o monstro horripilante da história que lia foi ficando pequeno, pequeno, pequeno… pequenino como um aranhiço preto que passeava na mesa.
Ainda um pouco assustada, pegou delicadamente no bicho, abriu a janela e libertou-o.
- Fecha a janela, ainda fico endefluxado!
- Ora, já não corres esse risco. Está uma noite tão amena, com uma lua cheia e redonda a derramar luz sobre o jardim... olha, a porta desapareceu!
Ainda um pouco assustada, pegou delicadamente no bicho, abriu a janela e libertou-o.
- Fecha a janela, ainda fico endefluxado!
- Ora, já não corres esse risco. Está uma noite tão amena, com uma lua cheia e redonda a derramar luz sobre o jardim... olha, a porta desapareceu!
- Ai, esqueci-me. Encontrei este bilhete hoje à tarde. Ainda nem o li. – diz o Gato, entregando um papel verde muito dobrado.
“Querida Bruxinha, saímos para tomar café, levámos o escritor, que dele vamos precisar para resolver o problema da nossa porta e, claro, da casa que a acompanha. Obrigado pelo jantar. Beijinhos, para ti e para o Gato.
Grande Espinafre"
- Vou ter saudades deles… eram divertidos. - suspira a Bruxinha.
- Eu também. Mas deixa lá, voltam qualquer dia para uma visita. Olha, lê outro livro, algo divertido. - pede o Gato.
A Bruxinha segue com o dedo um renque de lombadas e escolhe.
- “As Orelhas Voadoras”. Que titulo engraçado! - pensa.
E, pegando no livro, no gato e numa caneca de leite quente com mel, voltou para o quarto.
Enquanto beberica o leite, a Bruxinha vai virando as folhas ainda a cheirar a novo, lendo a história em voz alta para ela e para o Gato enroscado no colo. Quando adormece, o livro desliza das suas mãos e fica aberto sobre a colcha colorida da cama.
Enquanto beberica o leite, a Bruxinha vai virando as folhas ainda a cheirar a novo, lendo a história em voz alta para ela e para o Gato enroscado no colo. Quando adormece, o livro desliza das suas mãos e fica aberto sobre a colcha colorida da cama.
Diz-se…
“Quando uma pessoa quer muito uma coisa mas mesmo muito há sempre uma fada que, misteriosamente, aparece e lhe concede a realização desse desejo.” (José Fanha in "As Orelhas Voadoras", Editora Paulinas.)
Claro que é uma coisa de histórias.
Mas o que é a vida senão uma história escrita no meio da noite de uma primavera que chega?
Mas o que é a vida senão uma história escrita no meio da noite de uma primavera que chega?
Texto: Sílvia Alves
Ilustrações: Maria del Toro (em breve)
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