Olá Paulo e Maria, miúdos e graúdos, filhos, pais e avós, cães e gatos, canários, peixes e flores dos vasos lá de casa, amigos leitores e brincadores do “Sabe Mais…”.
Espero que estejam muito bem-dispostos e assim continuem depois de vos dizer que este mês não há história.
Eu explico o que aconteceu neste lugar inusitado onde os gatos falam, leem e escrevem e há uma Bruxa como nas histórias que vos contam, onde as coisas se misturam de tal modo que por vezes eu próprio já não sei onde acaba a realidade e começa a história, onde acaba a história e começa a realidade.
Lembram-se do senhor Presidente da Câmara do mês passado, o que se queixava do desaparecimento das lâmpadas? Voltou cá. Agora de verdade, as lâmpadas da cidade desapareceram mesmo. Por isso este ano, disse ele com um ar muito enfadado, não vai haver iluminação de Natal.
- Que tristeza, um Natal sem luz.
- Oh, Bruxinha mas há outras coisas importantes no Natal – disse o senhor gordo, em jeito de desculpa.
- Pois, mas já pensou nas crianças? Vão sentir uma tristeza do tamanho de abóboras gigantes.
Ora a minha amiga Bruxinha pôs-se a pensar em todas as crianças e na sua tristeza.
- Eu podia fazer uma magia... – disse-me ela, nesse dia, antes de adormecer.
- Não podes. Como é que íamos explicar que era magia e não um gasto de energia?
Andámos uma semana a dormir pouco, a comer menos e a fazer nada entre muitas coisas. A protelar tudo para encontrar uma solução.
Ontem a Bruxinha saiu cedo para fazer compras na frutaria. Lá dentro a D. Palmira conversava com a D. Aurora.
- Agora já ninguém tem tempo para fazer sopa., seja de abóbora, feijão ou couve coração.
- Eu tenho o meu quintal cheio de abóboras! Nem sei o que lhes hei de fazer. Vão-se estragar. Até pagava para as tirarem dali. – lamentava a menina Palmira.
- Ora, não precisa pagar - disse logo a Bruxinha – Se quiser eu levo-as todas.
- Bruxinha se tu fizeres isso ofereço-te uma dúzia de molhos de agriões! - regozijou-se a menina Palmira.
O meu pobre coração de gato ia tendo um treco quando ela despejou um carregamento de abóboras no jardim, ao pensar que íamos comer sopa de abóbora com agriões o resto do ano (ela adora, eu nem por isso). Mas estava tão entusiasmada que nem me deixou miar uma reclamação.
- Já temos a solução para o Natal!
- Abóboras? Não está boa da cabeça! Natal e abóboras não combinam! Não estás a confundir as festas?
- Não, Gato. Eu explico-te. Estive a estudar os livros de feitiços.
- As tuas magias metem-nos sempre em sarilhos…
- Não se for uma “magia científica”.
- Como? Explica lá.
-Há uma fórmula para reduzir as abóboras. Só tenho de encontrar uma forma de transformar em luz a energia do miolo concentrado de abóbora…
-Mini-abóboras com uma magnífica luz bruxuleante para cada pessoa pendurar à porta de sua casa? Que ideia ecológica e genial! Tu achas que consegues?
- Acho que sim. Vou tentar. Com os feitiços maravilhosos da Ciência.
Eu fiz um esgar de dúvida mas a minha amiga Bruxinha nem reparou e desapareceu no meio de livros e tubos de ensaio. Não vai desistir enquanto não encontrar uma solução para o problema.
E eu vou ajudar divulgando a toda a gente a inovadora ideia de iluminação do Natal. A princípio pensei colocar a informação no jornal da cidade mas desisti quando o senhor Alfredo, que vende os jornais, me disse:
“No jornal? Mas são tão poucas as pessoas que os leem… A continuar assim os jornais vão acabar… É melhor imprimir a notícia nos sacos do pão da loja da D. Palmira. As pessoas compram pão, todos os dias, haja sol, haja chuva…”
E foi isto que aconteceu. Por isso vos escrevo esta carta.
No próximo mês vos contaremos o resto dos planos para um Natal iluminado. Aceitam-se sugestões. Escrevam-me um mail.
Ósculos e beijos, abraços e amplexos para todos.
PS. (quer dizer “post scriptum” algo que se diz depois de já ter dito tudo…)
Maria tricota-me um cachecol bem fofinho, por favor! Suspeito que a minha dona vai andar em poupanças no aquecimento.
(continua)...
Espero que estejam muito bem-dispostos e assim continuem depois de vos dizer que este mês não há história.
Eu explico o que aconteceu neste lugar inusitado onde os gatos falam, leem e escrevem e há uma Bruxa como nas histórias que vos contam, onde as coisas se misturam de tal modo que por vezes eu próprio já não sei onde acaba a realidade e começa a história, onde acaba a história e começa a realidade.
Lembram-se do senhor Presidente da Câmara do mês passado, o que se queixava do desaparecimento das lâmpadas? Voltou cá. Agora de verdade, as lâmpadas da cidade desapareceram mesmo. Por isso este ano, disse ele com um ar muito enfadado, não vai haver iluminação de Natal.
- Que tristeza, um Natal sem luz.
- Oh, Bruxinha mas há outras coisas importantes no Natal – disse o senhor gordo, em jeito de desculpa.
- Pois, mas já pensou nas crianças? Vão sentir uma tristeza do tamanho de abóboras gigantes.
Ora a minha amiga Bruxinha pôs-se a pensar em todas as crianças e na sua tristeza.
- Eu podia fazer uma magia... – disse-me ela, nesse dia, antes de adormecer.
- Não podes. Como é que íamos explicar que era magia e não um gasto de energia?
Andámos uma semana a dormir pouco, a comer menos e a fazer nada entre muitas coisas. A protelar tudo para encontrar uma solução.
Ontem a Bruxinha saiu cedo para fazer compras na frutaria. Lá dentro a D. Palmira conversava com a D. Aurora.
- Agora já ninguém tem tempo para fazer sopa., seja de abóbora, feijão ou couve coração.
- Eu tenho o meu quintal cheio de abóboras! Nem sei o que lhes hei de fazer. Vão-se estragar. Até pagava para as tirarem dali. – lamentava a menina Palmira.
- Ora, não precisa pagar - disse logo a Bruxinha – Se quiser eu levo-as todas.
- Bruxinha se tu fizeres isso ofereço-te uma dúzia de molhos de agriões! - regozijou-se a menina Palmira.
O meu pobre coração de gato ia tendo um treco quando ela despejou um carregamento de abóboras no jardim, ao pensar que íamos comer sopa de abóbora com agriões o resto do ano (ela adora, eu nem por isso). Mas estava tão entusiasmada que nem me deixou miar uma reclamação.
- Já temos a solução para o Natal!
- Abóboras? Não está boa da cabeça! Natal e abóboras não combinam! Não estás a confundir as festas?
- Não, Gato. Eu explico-te. Estive a estudar os livros de feitiços.
- As tuas magias metem-nos sempre em sarilhos…
- Não se for uma “magia científica”.
- Como? Explica lá.
-Há uma fórmula para reduzir as abóboras. Só tenho de encontrar uma forma de transformar em luz a energia do miolo concentrado de abóbora…
-Mini-abóboras com uma magnífica luz bruxuleante para cada pessoa pendurar à porta de sua casa? Que ideia ecológica e genial! Tu achas que consegues?
- Acho que sim. Vou tentar. Com os feitiços maravilhosos da Ciência.
Eu fiz um esgar de dúvida mas a minha amiga Bruxinha nem reparou e desapareceu no meio de livros e tubos de ensaio. Não vai desistir enquanto não encontrar uma solução para o problema.
E eu vou ajudar divulgando a toda a gente a inovadora ideia de iluminação do Natal. A princípio pensei colocar a informação no jornal da cidade mas desisti quando o senhor Alfredo, que vende os jornais, me disse:
“No jornal? Mas são tão poucas as pessoas que os leem… A continuar assim os jornais vão acabar… É melhor imprimir a notícia nos sacos do pão da loja da D. Palmira. As pessoas compram pão, todos os dias, haja sol, haja chuva…”
E foi isto que aconteceu. Por isso vos escrevo esta carta.
No próximo mês vos contaremos o resto dos planos para um Natal iluminado. Aceitam-se sugestões. Escrevam-me um mail.
Ósculos e beijos, abraços e amplexos para todos.
Gato
PS. (quer dizer “post scriptum” algo que se diz depois de já ter dito tudo…)
Maria tricota-me um cachecol bem fofinho, por favor! Suspeito que a minha dona vai andar em poupanças no aquecimento.
Texto: Sílvia Alves
Ilustrações: Maria del Toro
Genial tua história! Vim parar aqui sem querer, navegando pelo mundo dos gatos e achei o máximo, tanto o texto quanto o desenho! Não sou "interneteira" mas acho que vou virar tua fã!!!rsrs
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